terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Enter The Void (2010)


Gaspar Noé, realizador responsável por "Irréversible" (2002) e "Seul contre tous" (1998), traz-nos mais um impressionante filme, "Enter The Void" que conta com a participação de Nathaniel Brown, Paz de la Huerta e Cyril Roy.

Óscar (Nathaniel Brown) é um Americano traficante de droga em Tóquio que durante uns tempos angariou dinheiro para levar a sua irmã Linda (Paz de la Huerta) para perto dele. 
Num acto de raiva e traição Óscar é morto pelas autoridades locais e o seu espirito, numa "outer-body experience", vagueia pela cidade de Tóquio, pelas mentes de determinadas personagens, demonstrando a decadência de uma perda e a influência dos diferentes estilos de vida.

"Enter The Void" é um filme experimental extra sensorial, que enfatiza todo o poder da luz, do som e da imagem. 
Inicialmente, Gaspar Noé, leva-nos para dentro da mente de Óscar, sendo os seus olhos, os nossos olhos. É extremamente fantástico todos os pormenores que com isso, nos é oferecido, mostrando todo o realismo e fanatismo em fazer-nos sentir na personagem. As experiências com drogas de Óscar alteram todo o cenário (a distorcer), toda a luz (cada vez mais forte e o destaque das cores), o som (cada vez mais pesado e longínquo), criando uma imagem hipnótica e que nos faz despertar sensações, que em certos momentos, simulam todas as sensações que o realizador Gaspar Noé nos quer transmitir através da personagem Óscar.
Assim que o espírito de Óscar começa a passear livremente pelas memórias, e pelo pecado de Tóquio, "Enter The Void" perturba-nos com as difíceis, e degradantes imagens do ser humano, sem dó nem piedade. Desde os incidentes mais tristes, as separações, a tranquilidade que muitas vezes é possível em cenários horríveis e até as cenas de sexo que sem qualquer pudor, Gaspar Noé, transmite ao espectador, são os exemplos da falta de piedade do realizador.
Pela complexidade do filme, é de notar a representação de todos os actores que sem eles todo este realismo, todo o hipnotismo, toda aquela sensação de estar a viver aquela história não seria possível. A naturalidade dos acontecimentos, das reacções de cada personagem são um marco em cada filme de Gaspar Noé, e "Enter The Void" não é excepção.
Como já referi em cima, com exemplos concretos de determinadas cenas, a técnica deste filme é formidável, a destacar sem duvida toda a luz e efeitos que nos são projectados nos olhos com uma tremenda violência e a imagem "First Person" que está repleta de pormenores e não demonstra qualquer falha.

Um filme, aconselhado a quem não tem qualquer problema em novas experiências visuais e sensoriais. Considero um filme Impressionante.

Nota: 4 / 5

Escrito por: Sandro Branco

1 comentário:

  1. Depois de me teres falado neste filme, não tardei em tratar de vê-lo! Visualmente é fantástico, adorei todos os pormenores e a maneira de filmar.
    O único senão deste filme para mim é o facto de ser tão longo, que a narrativa acaba por se tornar demasiado explorada na segunda hora de filme. Mas no entanto para o final vale a pena!

    ResponderEliminar