sábado, 4 de junho de 2011

Le trou (1960)



Le Trou é um filme realizado pelo francês Jacques Becker, crriador de várias peliculas como Casque d'or (1952), Touchez pas au grisbi (1954) ou Falbalas (1945) e conta com a presença de André Bervil, Jean Keraudy e Michel Constantin.

Quatro companheiros aprisionados, estão prestes a efectuar uma fuga a partir da sua pequena cela, mas um outro prisioneiro é transferido juntando-se a estes camaradas, enquanto a sua clausura é reparada. Todos eles têm algo em comum, muita convicção e longas sentenças. Será que este novo elemento terá o mesmo incentivo e será de confiança?

Antes de começar com qualquer tipo de abordagem, devo lembrar que o filme é de 1960, e filmado a preto e branco. 
O Buraco (nome em Português) está repleto de cenas compridas, detalhadas e sem cortes, encenando o espectador para um puro suster de respiração e ansiando a captura dos fugitivos. Jacques Becker excede o tempo que se está à espera em determinadas cenas, mas obtendo sempre uma enorme calma por parte dos figurantes, atira-nos para um ligeiro desconforto e incomodo.
A pouca banda sonora presente, dá realismo aos cenários e ás cenas. O ideal para o objectivo pretendido. 
Há uma grande com comunhão entre os actores, todos eles funcionam bem uns com os outros, apesar de se notar umas certas falhas, que atribuo a altura que o filme foi feito, e técnicas de representação na altura ainda pouco exploradas.
O argumento é bom e bem trabalhado, apesar de não ser evidente algumas passagens, de uns cenários para os outros, durante a tentativa de fuga. 
Existe alguma previsibilidade durante o filme, mas esta, vai e vem, o normal recurso à criação de duvidas no espectador. 
Não é um filme complexo. Mas sim atraente e interessante.

Um filme aconselhado para amantes do cinema arrastado e lento.


Nota: 3 / 5

Escrito por: Sandro Branco

sexta-feira, 3 de junho de 2011

The Fountain (2006)



Filme realizado por Darren Aronofsky, criador de Pi (1998), Requiem for a Dream (2000), e mais recentemente Black Swan (2010). The Fountain conta com a participação de Hugh Jackman, Rachel Weisz and Sean Patrick Thomas.


Três histórias paralelas que decorrem no passado, presente e futuro, contam-nos a procura incansável de um homem, tentando eternizar uma vivência ao lado do seu grande amor.

Num passado, um conquistador num país Maia, procura a árvore da vida para libertar a sua rainha do cativeiro.
Um Médico investigador que trabalha com algumas árvores, vivendo no presente, procura a cura para a sua mulher que está a morrer.
Um viajante do espaço, navega com uma árvore encapsulada numa bolha, move-se em direcção a uma estrela em vias de se extinguir envolta de uma nebulosa, num futuro distante. Todas estas história, cruzam-se numa demanda em busca da vida eterna com o seu amor.

Tendo algumas duvidas para inicio deste texto, começo por falar na banda sonora. 

Quem já viu mais algum filme de Darren Aronofsky, ou para ser mais especifico, quem já viu o "Requiem for a Dream", tenho a certeza que se vai lembrar imediatamente dele assim que ouvir parte da banda sonora do "The Fountain". Não o digo como um ponto negativo, mas como uma característica do realizador. É toda ela muito intensa e maioritariamente triste, mas toda adequada ao filme. Completa a mensagem que o realizador quer transmitir e funde a complexa ligação que as histórias paralelas nos oferecem. 
Todos os tempos (espaciais) que a película retrata têm uma ligação lógica muito simples, mas apresentados num formato alternativo e difícil. É necessária a atenção do espectador. 
O tema é controverso e dá largas à eterna pergunta "e se?". A abordagem é muito boa, mostrando-nos diferentes pontos de vista para o mesmo assunto. Fantasia e criatividade são a base do argumento.
Hugh Jackman e Rachel Weisz têm um papel fundamental para o belo sucesso do filme. É um grande desempenho evidenciando todos os pontos fulcrais no entendimento da fita cinematográfica.
"O Último Capítulo" (nome chegado a portugal), apresenta-nos uma imagem espectacular, carregada de efeitos e muita luz. 
Dada a matéria apresentada, isto é, o mundo fantástico que é retratado no passado, o universo interestelar do futuro e a avançada tecnologia do presente, o realizador, não deixou a desejar, caracterizando cada um dos momentos com uma grande qualidade fotográfica.

The Fountain é um grande filme de amor, uma procura imensa pela vida eterna, um bom "entertainer" que explora de forma fantástica o tema amoroso da celebre vida.

Nota: 3,8 / 5


Escrito por: Sandro Branco

sábado, 7 de maio de 2011

Inland Empire (2006)


Filme realizado em 2006 por David Lynch, director de Mulholland Dr. (2001); Lost Highway (1997); Blue Velvet (1986); O Homem Elefante (1980) e também da série Twin Peaks (1990). Inland Empire conta com a principal participação de Laura Dern, Jeremy Irons e Justin Theroux.

Uma actriz prepara-se para desempenhar o seu grande papel, mas quando descobre que está a cair dentro da personagem que figura, esta acha que a sua vida começa a parecer-se demasiado o que estão a gravar. Tudo se complica com a revelação de que o filme é um remake de uma condenada e fracassada produção Polaca que nunca foi terminada graças ao acontecimento de inesperadas tragédias. 

David Lynch sempre nos habitou a estranhas personagens e histórias que confundem a mais profunda atenção, complica-nos a vida e provoca-nos com as suas bandas sonoras ansiosas de momentos terroríficos. Inland Empire não foge mais uma vez a este padrão. As personagens são exploradas intensivamente obrigando-nos a tomar duplas opiniões á cerca das mesmas. Devo com isto salientar a grande prestação de Laura Dern que representa os mais variados tipos de sentimentos excelentemente levando-nos a um estado de perturbação e fixação pelo ecrã. 
A história do filme, é curta, mas o realizador, como já tem provado em realizações anteriores consegue dar-lhe uma vida gigante e transformá-la numa monstruosa criação e multiplicação de ideias. É mais uma vez para que o espectador retire da película a sua noção do que acaba de ver. Existem alguns pormenores que caracterizam e diferenciam as várias interpretações dos actores, discriminando e desvendando a encruzilhada do argumento. 
Império dos sonhos, nome que nos chegou a Portugal, está repleto de detalhes impressionantes tanto a nível argumentativo, de interpretação e na própria banda sonora. Esta ultima é característica do realizador, sendo inconfundível para quem a ouve. Muito ambiental, electrizante e pesada, transportando as cenas do filme exactamente no caminho que é pretendido sem nunca fugir ao desejável. 

Para fãs de David Lynch nem é necessário qualquer recomendação pois sabem que é um filme obrigatório. Quem não é fã ou nem conhece, é um filme bastante difícil dada a complexidade inserida pelo realizador na história, ambiente e na interpretação das personagens. É um filme extremamente intenso.


Nota: 4 / 5


Escrito por: Sandro Branco