segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Ex Drummer (2007)


"Ex Drummer" é uma produção belga da adaptação do livro de Herman Brusselmans ("Ex-Drummer"), realizado por Koen Mortier (a  sua primeira longa metragem). Este filme conta com a participação de Dries Van Hegen, Norman Baert, Gunter Lamoot e Sam Louwyck (todos eles belgas).

Três deficientes, do qual da vida nada conseguiam, decidem formar uma banda e vão falar com o famoso escritor "Dries" (Dries Van Hegen) para seu baterista. Ele acaba por aceitar o cargo, e assim que o faz, começa a manipular as suas vidas e a dos que os rodeiam. Trata-se de uma mistura de Comédia, Crime e Drama envolvido num mundo Punk porco e sujo.

"Ex Drummer" é um filme violento, aconselhado a maiores de 16 anos dadas as explicitas explicações e demonstrações de algumas personagens ao longo do filme. Koen Mortier mostra com esta realização, que não tem qualquer pudor em expor as suas ideias, tal e qual como as vê, chocando de certa forma todo o público que a observa. 
Trata-se de uma trama bastante simples mas que é tremendamente complicada pela visão do seu realizador, que usa muitas vezes imagens simbólicas para a progressão do filme. Assim como as imagens, muitas vezes de cariz sexual, alguns planos não são mais que visões distorcidas da realidade, que apenas servem para o estimulo do espectador. 

Pessoalmente, gostei muito do trabalho de Koen Mortier, devido á sua forma desonesta, nua e crua de filmar. Chamo-lhe desonesta, porque durante o filme uma pessoa nunca sabe o que o espera, tanto da história, como que planos, musica ou imagem vai ele usar para nos chocar, acabando sempre por nos surpreender. O filme é um todo, e nenhuma peça funciona sozinha. Toda a banda sonora, é do agrado daqueles que gostam de musica mais mexida, do punk old school, das guitarradas carregadas de distorção. Os Rewind's, as câmaras invertidas, o grande desafio de luz, as rápidas imagens de fundo, são todo um jogo e técnica para incitar os mais diversos pensamentos ao espectador e para demonstrar a nojenta imagem da sociedade em questão. No fundo todo o filme, acaba por ser uma critica a isso tudo.

É um filme difícil confesso, mas aconselhado!

nota: 3,8 / 5

Escrito por: Sandro Branco


Dia triste para Hollywood!

Leslie Nielsen

Na passada tarde de Domingo, perdeu-se um dos grandes actores da comédia americana, Leslie Nielsen.


"O actor canadiano lutava há duas semanas contra uma pneumonia. Os problemas pulmonares agravaram-se nos últimos dias, levando à sua morte, na tarde de domingo. Leslie Nielsen morreu enquanto dormia, rodeado pela família, divulgou o seu representante."

O protagonista dos clássicos "Naked Gun", "Airplane!" e "Spy Hard", deixa-nos agora, após 84 anos de idade, com saudades das suas hilariantes aventuras cinematográficas que tantas gargalhadas ofereciam aos seus telespectadores.

Irvin Kershner


Infelizmente um mal raramente vem só, e neste mesmo trágico Domingo, Irvin Kershner ao fim de uma incansável luta contra uma doença prolongada acabou por falecer com 87 anos.

"Irvin Kershner", apesar de realizador de segunda linha, é a alma do "Star Wars: Episode V - The Empire Strikes Back" (embora o nome mais associado á serie seja George Lucas), "Robotcop 2" e "Never Say Never Again".

Domingo negro para Hollywood e para todos os amantes do cinema, é o Adeus de dois Homens que marcaram toda a nossa infância.


sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Inception (2010)


"Inception" saiu para as salas portuguesas no dia 22 de Julho de 2010. Foi realizado por Christopher Nolan, realizador também de "Memento" (2000), "The Dark Knight" (2008), entre outros grandes filmes. Ainda está para ser realizado um "mau" filme deste senhor. 
O filme conta com a participação de Leonardo DiCaprio, Joseph Gordon-Levitt, Ellen Page, Tom Hardy, Michael Caine e Ken Watanabe.

“Inception” retém-nos num mundo onde existe tecnologia para invadir a mente humana através dos sonhos. Uma única ideia proveniente da mente humana pode tornar-se na arma mais perigosa ou no bem mais valioso. A trama deste misterioso filme desenrola-se em volta de Dom Cobb (DiCaprio), um especialista no ramo da espionagem corporativa, roubando de sonhos os segredos de magnatas, drogando-os e induzindo-os, através de uma máquina, num sonho profundo manipulado por toda a equipa de Dom Cobb. O grande problema será a vulnerabilidade da mente da personagem interpretada por DiCaprio sendo ele um sonhador abalado pela morte da sua mulher.

Muito facilmente, esta película, se tornou num dos melhores filmes de sempre dada a complexidade do tema, a forma como foi contada (muito simples em relação ao assunto abordado), e a grande técnica de Christopher Nolan agarrar o espectador desde o inicio até ao final, fazendo-o interrogar-se constantemente por pequenos pormenores. Tudo isto envolvido numa grande banda sonora dá o resultado à vista.
"A Origem", nome como aterrou o filme nas nossas salas de cinema, é uma história única e de grande originalidade que segundo Nolan já se apresentava em cima da mesa em desenvolvimento desde 2001.

Sonho sobre sonho, mais sonho e outro sonho. A complexidade da narrativa ultrapassa as barreiras da imaginação, sobrepondo o maior e mais criativo mundo que a mente humana pode ter (o sonho), e multiplicando-o, força as personagens a navegar de mundo em mundo (ou de sonho em sonho) enfrentando os guarda-sonhos, entidades provenientes da imaginação com a capacidade de eliminar qualquer tipo de ameaça externa ao próprio pensamento. A dificuldade aumenta quando a missão passa de um simples fantástico roubo a uma implantação de ideias.
Todos os actores, apesar de desempenharem bons papeis não se individualizam, nem se destacam. Isto acontece apenas porque as personagem foram criadas e desenvolvidas para dar vida à história e não como o normal, a história dar vida ás personagens. Todos eles acabam por funcionar como um.
A banda sonora, consegue envolver todas as pessoas, instruindo-lhes o sentimento de desespero, alegria e glória,  deixando-as entrar no mundo criado por Christopher Nolan balanceado pelas grandes batidas orquestrais e rápidas estrofes electrizantes. 
É extremamente espantoso tudo o que com "Inception", Christopher Nolan teve acesso. Tudo é possível, todos os cenários podem ser realidade, não existem limites. 
A técnica incrível faz crer, uma enorme facilidade em criar tais mundos, tais ideias, tais cenários.
É sem duvida um grande filme (mais um) de Christopher Nolan... muito pouco há a dizer senão... Fantástico!


nota: 5 / 5

escrito por: Sandro Branco

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Filme do Desassossego (2010)


O "Filme do Desassossego" é uma adaptação do "Livro do Desassossego" de Bernardo Soares, heterónimo do (Grande) escritor e poeta Fernando Pessoa. Realizado por João Botelho e com a participação de Ana Moreira, Catarina Wallenstein, Filipe VargasCláudio da Silva.

O Livro foi escrito de forma fragmentada, mas apesar disso, tornou-se uma das obras mais influentes na ficção Portuguesa do século XX.
Bernardo Soares é o heterónimo que mais se assemelha ao criador; "não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela. Sou eu menos o raciocínio e afectividade" - Fernando Pessoa.

Bernardo Soares era ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa onde viveu toda a sua humilde vida.
Vivia sozinho, na Baixa, num quarto alugado perto do escritório onde trabalhava, e dos escritórios onde Fernando Pessoa trabalhava.
Conheceram-se numa pequena casa de pasto habitualmente frequentada por ambos onde Bernardo Soares deu a ler a Fernando Pessoa o seu “Livro do Desassossego”.


João Botelho com a sua realização criou uma autêntica obra prima, um autêntico quadro em forma de Filme. Não desfragmentou a obra já criada por Bernardo Soares, mantendo a sua estrutura, apesar de desorganizada, mantendo a sua integridade.
Apesar do magistral trabalho de João Botelho neste projecto e dos seus actores, "O Filme do Desassossego" é assumidamente um trabalho de risco. É autenticamente um recital de poesia deambulando por diferentes cenários e explicando diferentes personagens.
Obra que nos remete para um cenário de solidão e inspira a criação dos mais diversos pensamentos apadrinhados pelo nosso próprio âmago, "Obriga" à concentração de todo o espectador impedindo-o de se soltar do ecrã.
Apenas aquando Bernardo Soares, no local de trabalho cai no sonho, transferindo-nos para uma bonita floresta e entrelaçando-nos com uma opera formidável, João Botelho estende demasiado a cena transportando-a de sensacional para cansativa.
Cláudio da Silva que interpreta Bernardo Soares tem um desempenho esplêndido, evoluindo a personagem a cada minuto do filme que passa, passando do grande ecrã para a plateia toda a reflexão e mensagem proveniente da personagem que interpreta. Por momentos faz até lembrar um Jack Sparrow (Johnny Deep) no Pirata das Caraíbas, quando o seu (Bernardo Soares) próprio pensamento/sonho o incomoda. 


"O Filme do Desassossego" é esteticamente admirável, contendo todo ele uma imagem, uma fotografia fantástica. É notável toda a preocupação na apresentação do filme, nas técnicas usadas e até nos planos escolhidos.


Devo também salientar a admiração (admiração e não tristeza) em João Botelho apresentar o filme apenas em cine-teatros, teatros, etc... querendo ou não, o filme é para ser apreciado, admirado, "não para se ver ao sabor de pipocas" - como nos foi apresentado. 
Não é portanto um Blockbuster ou um filme de grandes salas típicas de cinema, não deve ser interpretado como tal. É altamente recomendado.


nota: 4.2 / 5




escrito por: Sandro Branco